Prof. Dra. Rita Velloso


Doutora em Filosofia/UFMG
Prof. Adjunto III/PUC Minas


Este blog se destina à divulgação de sítios, textos, conteúdos que dão suporte às disciplinas de Projeto, História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo no curso de Arquitetura e Urbanismo na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais em Belo Horizonte.

Wednesday, July 25, 2007

Introdução Brasil Urbano [segundo semestre de 2007]

Folha de São Paulo, 15 de julho de 2007

Milionários brasileiros têm meio PIB
[Consultoria diz que eles são 130 mil e que possuem pelo menos US$ 1 milhão cada em investimentos no Brasil e no exterior
Estudo mostra que fortunas brasileiras cresceram com a alta das commodities e do mercado financeiro; dólar barato também ajudou]

JULIO WIZIACK


Levantamentos inéditos obtidos pela Folha com a Receita Federal e com o The Boston Consulting Group (BCG), uma das consultorias mais importantes do mundo, mostram que o Brasil tem 130 mil milionários. Segundo o BCG, os brasileiros são os mais ricos da América Latina com fortuna conjunta estimada em US$ 573 bilhões -mais da metade do PIB nacional. É o que mostrará o novo relatório do grupo americano que sairá em setembro.
Os dados ainda não foram tabulados e as estimativas têm base no crescimento anual médio das fortunas brasileiras nos últimos dois anos. Em 2005, os milionários nacionais detinham US$ 540,5 bilhões.
Para fazer os cálculos, os especialistas entrevistaram 150 gestores de fortunas em 62 países. Na conta só entram os bens disponíveis em aplicações e depósitos bancários no país e no exterior. "Tudo o que circula pelo sistema financeiro é medido", afirma Eric Gregorie, relações-públicas da consultoria.
Para ter idéia do poderio financeiro dos brasileiros, entre 2000 e 2005, período mais recente da pesquisa, o país saltou da 18ª posição para a 14ª no ranking dos países com mais milionários. Na comparação com as nações em desenvolvimento, o Brasil deixou para trás a Índia e a Rússia, perdendo apenas para a China.
Vários fatores explicam a velocidade de expansão das fortunas brasileiras. Nos últimos anos, a economia estabilizou-se. A inflação continua sob controle, as dívidas nacionais estão equacionadas e isso deixou os brasileiros confiantes para aplicar suas reservas. Resultado: o mercado financeiro nunca esteve tão aquecido. Como a venda de ações levou mais recursos para as empresas, elas aceleraram a produção, fazendo a economia crescer.
Também contaram o enfraquecimento do dólar e a alta dos preços das commodities -principalmente grãos e minérios. O setor do agronegócio foi um dos que mais geraram milionários, principalmente no Centro-Oeste.
Segundo a Receita Federal, nessa região o número dos que ganham mais de R$ 1 milhão por ano mais que dobrou entre 2000 e 2003, chegando a 685. A Receita alega que para fornecer dados mais recentes teria de pagar R$ 15 mil ao Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados). Apesar disso, a análise dos números disponíveis já permite avaliar a nova geografia da riqueza no Brasil.

Regionalização da fortuna
Além do fortalecimento do Centro-Oeste, o Norte e o Nordeste ganharam destaque, com 187 e 1.031 milionários, respectivamente. Agora eles são disputados por empresas de luxo que antes só buscavam clientes entre Rio e São Paulo.
Manaus já desponta como o paraíso das construtoras. Lá, a Gafisa lançou o Riviera, onde o apartamento mais barato custa R$ 800 mil. "Fizemos uma pesquisa de mercado e ficamos surpresos ao descobrir que o poder aquisitivo da classe mais rica era bem maior do que imaginávamos", diz Antonio Ferreira, diretor de novos negócios da Gafisa.
Segundo ele, seis meses após o lançamento dos dois primeiros prédios, cerca de 70% das unidades do edifício Cannes -em que o preço por unidade começa em R$ 2 milhões- estavam vendidas. De cada dez compradores, sete são do Estado. A publicitária Renata Sabbá e seu marido adquiriram um desses imóveis. "Era o que procurávamos", diz Renata.
Embora detectem essas mudanças, tanto o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) quanto o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) têm dificuldades para traçar um perfil dos milionários. "A amostragem é muito pequena", diz Antonio Luiz Carvalho Leme, coordenador dos censos em São Paulo.
Além disso, os poucos que participam da pesquisa costumam diminuir em 25% o valor de seus ganhos e bens. É o que afirma Gabriel Ulyssea, do Ipea. "Eles temem por sua segurança." Há outra preocupação: ao depreciar os bens, querem pagar menos impostos.
Estudos do Ipea indicam que, apesar dessa depreciação, os dados da desigualdade de renda não sofrem alteração. "Apenas 10% da população continua se apropriando de 80% da renda nacional", diz Gabriel Ulyssea.

Milionários mudam o "mapa da riqueza"
[Mais brasileiros ganham acima de R$ 1 mi por ano fora do eixo Rio-SP
Cresce o número de ricos no Nordeste, no Centro-Oeste e no Norte; mudança faz empresas de luxo traçarem novos planos e estratégias]



Levantamento inédito feito pela Receita Federal a pedido da Folha revela que o número de milionários brasileiros cresceu 64%, entre 2000 e 2003, chegando a 18.541 pessoas. Segundo o secretário da Receita, Jorge Rachid, esses são os últimos dados disponíveis.
Para liberar os números mais recentes, o governo teria de pagar R$ 15 mil ao Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), empresa pública que presta serviços em tecnologia da informação.
Segundo a consultoria americana The Boston Consulting Group (BCG), existem 130 mil milionários no Brasil, sete vezes o número declarado à Receita Federal. Afinal, o que explica essa diferença? O levantamento da Receita considera os rendimentos anuais provenientes do trabalho e das aplicações financeiras.
"Ele não inclui o total investido pelo contribuinte em instituições financeiras", explica o ex-secretário da Receita Everardo Maciel. Na conta do BCG entram tanto o montante principal como os rendimentos por ele gerados, diferença que faz o número de milionários aumentar consideravelmente.
Além disso, os valores utilizados pelos sistemas bancários são atualizados por índices de mercado. "Os dados da Receita são históricos", diz Maciel. Não bastasse, muitos contribuintes costumam depreciar o valor de seus bens para pagar impostos mais baixos.
A novidade no levantamento é que, pela primeira vez, o mapa da riqueza no país mostra a pulverização das grandes fortunas. Entre os dez Estados que registraram maior crescimento no número de milionários, três são do Centro-Oeste (MT, MS, GO), três do Nordeste (AL, MA e RN), dois do Norte (RO e TO), outro do Sul (SC) e um do Sudeste (ES).
Entre 2000 e 2003, quadruplicou o grupo dos rondonienses que ganharam mais de R$ 1 milhão, passando de 8 para 32. O único Estado que registrou queda foi o Acre, que tinha nove e passou para cinco. Em Roraima, o grupo dos milionários não recebeu integrantes no período considerado.

À procura dos mais ricos
As empresas acompanham essas mudanças há anos. Antes de lançarem seus produtos, elas costumam encomendar pesquisas para avaliar o poder aquisitivo dos consumidores de uma região. "Esses indicadores são estratégicos para os negócios", diz Gisele Lupiani, gerente do instituto Ipsos, um dos mais conceituados.
Para as marcas de luxo, esses números não bastam. Na hora de atacar praças fora do eixo Rio-São Paulo, elas também contratam consultorias especializadas. A líder MCF acompanhou a movimentação de 60 dessas marcas e preparou um estudo no início deste ano sobre seus planos de expansão.
Porto Alegre, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Florianópolis são as cidades que receberão mais lojas neste ano. "Isso reflete o aumento do poder de compra", diz Carlos Ferreirinha, dono da MCF.
Em Recife, a butique Dona Santa é o palácio do luxo do Nordeste, atendendo clientes de diversos Estados. A loja de 1.600 m2 vende Prada, Ferragamo, Ermenegildo Zegna, Dolce&Gabanna, Armani, Chloé, entre outras. Segundo Juliana Santos, uma das proprietárias, as bolsas da nova coleção da Prada chegaram na quarta-feira da semana passada.
Quinze foram vendidas e há fila de espera de 30 interessadas. O preço por unidade: R$ 7.000. A empresária Cristiane Bittencourt é uma das clientes mais assíduas.
"Lá me sinto em casa", diz. Casada com um dos donos da Bittencourt Empreendimentos Imobiliários, Cristiane costuma almoçar no bistrô da Dona Santa duas vezes por semana. "Aproveito para checar as novidades."
A Swarovski, conhecida por seus cristais, está abrindo lojas em Porto Alegre e em Curitiba. Louis Vuitton escolheu Brasília e já está mirando Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e Salvador. Ziza Meneses, supervisora da Salvatore Ferragamo, afirma que o público com mais apetite para as compras está no Centro-Oeste e no Nordeste.
"Antes ele ia comprar em São Paulo e no Rio de Janeiro", diz Christian Hallot, embaixador da H. Stern no Brasil. "Agora as marcas estão mais próximas desses clientes."
Os empreendimentos imobiliários fora do eixo Rio-São Paulo são outro termômetro dessa pulverização. Segundo a Gafisa, apartamentos de R$ 1 milhão em Manaus, Cuiabá (MT), Belém, Fortaleza, Recife e Salvador costumam esgotar seis meses após o lançamento.
"O luxo deixou de ser ostentação e virou necessidade", diz Antonio Ferreira, diretor da construtora. E é isso o que faz girar o motor desse negócio que movimenta US$ 200 bilhões por ano no mundo.
Os outros US$ 200 bilhões são garantidos pelas vendas aos ultramilionários, que pagam pequenas fortunas pelo supra-sumo da exclusividade. (JULIO WIZIACK e ISABELLE MOREIRA LIMA)

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